sábado, setembro 02, 2006

O Herói Richard Wagner


Esse músico erudito ficou muito conhecido com as lendárias composições de óperas como Lohengrin, Parsifal, Tristão e Isolda, a Tetralogia do Anel dos Nibelungos, entre outras. Wagner viveu no século XIX na Alemanha, um lugar e época no qual o povo teria outra mentalidade no que diz respeito a política-raça-religião. Segundo alguns analistas, existem personagens anti-semitas em certas obras de Wagner, e também é notável que o compositor escrevesse um artigo chamado “O judaísmo na música” onde ataca os judeus da Alemanha, que teriam corrompido as artes, especificamente a música.
Existe uma filosofia abstrata(ou não) dentro de seus trabalhos musicais e escritos no qual é possível fazer um paralelo de suas idéias com a futura ideologia Nacional Socialista. Wagner era socialista, tinha verdadeiramente o senso de coletivo e comunidade, ao mesmo tempo em que era um nacionalista, o que seria natural no período político de Bismarck onde o nacionalismo estava fervoroso a fim de que a Alemanha resgatasse sua identidade.

Ao contrário do que se imagina, não são livros como “Assim falava Zaratustra” ou “Os fundamentos do século XIX” que influenciam com paixão um jovem, Hitler assistiu aos 12 anos de idade a ópera Lohengrin e disse posteriormente “Em um instante fiquei acorrentado a obra de Wagner. Meu entusiasmo juvenil não conheceu limites”. O herói Wagneriano Siegfried e seu espírito seria presente com Hitler. Siegfried é um jovem nascido quase selvagem, criado por um anão que pretende ser ao mesmo tempo seu pai e sua mãe. Ele não conhecia o mundo, não possuía conhecimentos e não se tinha podido lhe ensinar nada, mas a medida que vai crescendo se dá conta de que o repugnante Mime não pode ser seu progenitor. Atua sempre com sinceridade, é o herói puro, o homem que, partindo da absoluta pobreza e anonimato, consegue com seu valor e idealismo a redenção do mundo. Hitler terminou seu primeiro tomo da “Minha Luta” com as palavras “...estava ateado o fogo cujas chamas criarão algum dia a espada que devolva a liberdade ao Siegfried germânico e restaure a vida da nação alemã”. Hitler assumia nesse momento o papel de que vindo da classe mais pobre da sociedade, havendo passado fome e vivido na miséria, se levantava por seus próprios meios, sem ajuda de nada e acompanhado unicamente por seu fanatismo e ideal alcançava também o triunfo, um triunfo que, como do Siegfried, acabaria em uma fogueira. Quando as chamas queimam o corpo de Hitler e de sua esposa, se produzia um fenômeno similar. Hitler passou de homem a um símbolo, um símbolo seguido por muitos, nem Cristo teria tantos seguidores ao longo de 60 anos de sua morte.

Wagner afirmou que “Temos que reconhecer que a sociedade humana se conserva pela atividade dos seus indivíduos, e não pela pretendida atividade do dinheiro”, esse seria um princípio imutável para os Nacional-Socialistas, assim como muitos outros pensamentos Wagnerianos que seriam teorizados para compor as visões econômicas e sociais do movimento. Em outros escritos verifica-se também que Wagner foi duramente contra o Comunismo, no qual descreve “se chegasse a impor seu domínio, chegaria também a exterminar, sem deixar rastros, a obra de dois mil anos de civilização”, alem de possuir idéias revolucionárias, contra a monarquia vigente da época em que acusa de “egoísta” e de “lutar para seu próprio proveito e sua própria vaidade”.

Devido ao terceiro reich de Hitler, a Obra de Richard Wagner ficou conhecida entre toda a população alemã, do soldado ao nobre. Na ex-URSS é mal visto, enquanto em Israel é proibido, em alguns paises suas idéias foram distorcidas, até mesmo tentando relacionar Wagner com o Comunismo.
O legado artístico-idealista de Wagner deve ser conhecido e refletido com atenção, finalizo com mais algumas ótimas frases de sua sabedoria:

“Se no mundo romano e medieval os esforços por livrar-se da escravidão geral se manifestavam no desejo do poder absoluto, hoje se revelam o monopólio de dinheiro, e por ele não devemos admirar-se de que a arte irá também em busca de este, pois tudo busca sua redenção e seu Deus... e nosso Deus é o dinheiro, nossa religião a usura.”

“Apenas os homens fortes conhecem o amor, apenas o amor inclui a beleza, apenas a beleza produz a arte. O amor dos fracos entre si não pode produzir senão a satisfação de seus desejos libertinos, o amor do fraco ao forte é humilhação e temor, o amor do forte ao fraco é compaixão e indulgência, apenas o amor entre os fortes é amor.”

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Vitão apreciando clássicos da música erudita, hehe que chique! :P

Brincadeiras à parte, realmente, Wagner foi um importantíssimo compositor, com verdadeiras obras-primas que merecem uma atenção especial, uma postura analítica e uma imprescindível necessidade de reflexão... Afinal a arte também expressa um pensamento, uma realidade e um ideal.

2:08 AM  
Blogger Unknown said...

Saudações camarada, cada dia você me surpreende hehe.

10:10 AM  

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